Thursday, August 17, 2006

Garden


Caso você queira posso passar seu terno,

aquele que você não usa por estar amarrotado.

Costuro as suas meias para o longo inverno...

Use capa de chuva, não quero você molhado.

Se de noite fizer aquele tão esperado frio

poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.

E verás como a minha pele de algodão macio,

agora quente, será fresca quando for janeiro.

Nos meses de outono eu varro a sua varanda,

para deitarmos debaixo de todos os planetas.

O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda

- Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas -

Depois plantarei para ti margaridas da primavera

e aí no meu corpo somente você e leves vestidos,

para serem tirados pelo seu total desejo de quimera.

- Os meus desejos, irei ver nos seus olhos refletidos.

- Mas quando for a hora de me calar e ir embora

sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.

Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola,

mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.

Thursday, August 10, 2006

Em homenagem ao maior e melhor CANALHA do mundo - Raffa

É um defeito, mas nada mais delicioso do que ouvir de uma mulher: "CANALHA!"

Ser chamado de "canalha" por uma voz feminina é o domingo da língua portuguesa. O som reboa redondo. Os lábios da palavra são carnudos. Vontade de morder com os ouvidos. Aproximar-se da porta e apanhar a respiração do quarto pela fechadura.

Canalha, definitivo como um estampido, como um tapa. Não ser chamado de canalha pela maldade, mas por mérito da malícia, como virtude da insinuação, pelo atrevimento sugestivo. Não o canalha canalha, mas o ca-na-lha, sem repetição. Único. Irrepetível. O canalha adorável que ultrapassou o sinal vermelho para levá-la junto. Não o canalha que deixa a mulher, o canalha que permanece junto. O canalha que é rude, nunca por falta de educação, para acentuar a violência do amor. Canalha por opção, não devido a uma infelicidade e limitação intelectual. Canalha em nome da inteligência do corpo.

O canalha. Como um elogio. Um elogio para dizer que é impossível domesticar esse homem, é impossível conter, é impossível fugir dele. Canalha como pós-graduação do "sem-vergonha".

Bem diferente de crápula, que não é sensual e define o mau-caratismo indelével, ou do cafajeste, alguém que não presta nem para ser canalha, de índole egoísta e aproveitadora.

Eu me arrepio ao escutar canalha. Um canalha que significa o contrário do dicionário. Nem perca tempo consultando o Aurélio e o Houaiss, que não incluem o sentimento da pronúncia. Estou falando do canalha que suscita aproximação, abraço, desejo. Um canalha que é um pedido de casamento entre as vogais.

Canalha funciona como uma agressão íntima. Uma agressão afetuosa. Uma provocação. Não se está concluindo, é uma pergunta. Canalha é uma interrogação gostosa.

Não ficarei triste se esquecer meu nome, chame-me de canalha.

F. C.

Friday, August 04, 2006

Eu... e Ele...

Caso você queira posso passar seu terno,

aquele que você não usa por estar amarrotado.

Costuro as suas meias para o longo inverno...

Use capa de chuva, não quero você molhado.

Se de noite fizer aquele tão esperado frio

poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.

E verás como a minha pele de algodão macio,

agora quente, será fresca quando for janeiro.

Nos meses de outono eu varro a sua varanda,

para deitarmos debaixo de todos os planetas.

O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda

- Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas -

Depois plantarei para ti margaridas da primavera

e aí no meu corpo somente você e leves vestidos,

para serem tirados pelo seu total desejo de quimera.

- Os meus desejos, irei ver nos seus olhos refletidos.

- Mas quando for a hora de me calar e ir embora

sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.

Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola,

mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.