Thursday, July 31, 2008

Corpo

Vendo o modo como ela põe os cabelos para trás,
e o corpo quer ser a concha de sua mão.
Eu sou adepta do corpo.
O corpo me ensina mais humildade do que a alma.
O cansaço do corpo.
Os limites do corpo.
Os senões do corpo.
Os serões do corpo.

O corpo me dobra e me convalesce.
O corpo manda, não avisa.
Por ele, sei quando devo voltar.
Quando devo parar.
Quando devo me ajoelhar.
Quando devo desistir.
Quando devo recomeçar.A alma não, sempre me pede o que não posso fazer.
A alma me mata.
A alma me condena a não me contentar.
A alma é ambiciosa, insatisfeita.

O corpo me adapta a morar onde não quero,
a criar desejos do nada.
O corpo é uma insignificância imaginária.

Vejo o modo como ela morde os lábios
e o corpo quer ser seu dente da frente.
Vejo o modo como ela afasta os quadris
e o corpo amarra as duas pernas.

Os corpos se esclarecem, as almas complicam.
Os corpos não mentem, as almas fogem.
Não há como esconder um corpo.

Sou muito mais corpo do que alma.
O corpo não precisa esperar a noite por uma mulher.
O corpo já tem a noite dentro de si.

Beije o corpo com suor, não com os lábios.
O suor é boca pelo corpo. O corpo se arrepia.
A alma se convence.
O corpo. O corpo. O corpo.

O corpo é essa garrafa que quebro para viver derramado.

Thursday, July 24, 2008

Escrevendo

Desde criança poucas coisas me dispertaram verdadeira inveja. Ganancia. Desejo. E a maior delas sem duvida é daquelas pessoas que escrevem bem. Essa inveja eu creio que carregue desde o dia que aprendi a desenhar esses simbolos que chamam de letras.
A palavra escrita sempre foi minha paixão.
E quem precisa de felicidade quando se tem paixão ?!

Bem...eu comecei a escrever...na verdade não achava legal as coisas que escrevia. E hoje tem muito poucas que eu realmente gosto. Porque rimar palavras é facil. Escrever...relamente escrever...botar pra forsa aquela poesia que ta la dentro...Isso é dificil.
Hoje tive uma noticia que me deixou meio assustada. Muito na verdade. Descobri que existem pessoas que leem o que eu escrevo. Eu ja escrevi por varios motivos, tive muitas musas, alguns musos. Mas na maioria das vezes escrevi pra mim. Era a forma de canalizar as coisas a minha volta e não explodir de felicidades ou tristeza ou tedio...ou desejo.
Bom...pras pessoas que ja me "leram" uma noticia. Vocês não me leram, nem chegaram perto. Poucas pessoas realmente me leram. Isso é pura casca. Uma casca bunitinha e rimada. Mas uma casca.

Hoje eu estava refletindo sobre o homem. Não o homem como sexo masculino.Mas o homem como ser humano, como gente mesmo.
E nossa...O homem é burro.
Grosseiro porque burro. Suas fantasias o emburrecem. Uma burrice pura. Ele entende tudo errado, raciocina e generalisa tudo da pior forma possivel. Tem mania de julgar tudo pelo olho do outro. Dificilmente da o direito da duvida. A falta de personalidade escorre pelos poros. Eu sei muito bem que é tão fácil para "você" se deixar levar contra mim quanto eu me deixar levar a seu favor...é assim pra todo mundo.

Não me excluindo da massa mas, esses rotulos malucos, nada (ou tudo) contra a instantaneidade desse julgamento, você sabe mais da sua vida que eu com certeza, mas reconheço que as (opiniões) emoções hoje andam tão efêmeras que mal rendem um parágrafo, quanto mais uma lauda toda manuscrita.
Talvez seja o momento de reavaliarmos algumas idéias acerca de nossas relações...e conceitos...e pré-conceitos...

Um lembrete final sobre meus textos e poemas.

"Escrever é apenas mais uma forma de silêncio."

"Não o escrevo,
o poema me escreve.
Não fala de mim,
fala em mim."

Friday, July 18, 2008

...

Toda vez que saia de sua casa, não cansava de cheirar minhas mãos.

Como uma criança quando inspeciona as mangas da camisa. Uma curiosidade selvagem. Nas mãos, a fotografia da minha "virilidade". Nas mãos, a umidade derramada da fruta que acabara de descobrir. O derrame da fruta. Um cheiro que nada conseguiria me explicar além do olfato.

Um cheiro que pedia que nunca mais a lavasse. Que colocasse minha saúde em risco, se fosse o caso. As mãos que foram devassas incitadas pelos dentes. Que procuraram um lugar fora de mim. E não desejavam retornar ao alistamento da espuma. Que gostariam de tomar banho seco a partir de agora, como os passarinhos na terra fofa da praça. Eu me embriagava com os dedos.

Os dedos que tocaram o escuro mais claro de minha vida.

Uma mão que não poderia retomar ao seu serviço. Uma mão que não era mais útil, mas estranha e poética, como o esboço em giz que seria depois coberto pela tinta a óleo.
Era a hora do dia que mais queria fumar um cigarro, mas nunca fumava. Tinha medo de que o cheiro se perde-se na fumaça.
Era uma mão para ser escondida. Uma mão exigente, viciada, dependente de outro sorvo.

Um segredo, uma maldição na mão, que a condicionava a crescer e se despedir de antigos deleites.
Uma mão egoísta, egoísta, egoísta.

A mão não seria mais jovem a partir daquele momento. Suas veias dilatadas pela extinção da inocência. Destinada a envelhecer mais rápido, a desdenhar do sofrimento. Não aceitaria carona, não pediria cuidado. Uma mão febril.

Uma mão triste por ser a última a ficar no quarto. A última a lembrar. A última a doer a despedida.

Cuidava para que ninguém me olhasse e cheirava novamente.

Minha cola de sapateiro. Meu loló. Meu blusão de unhas embebido de pomar e neblina. Inspirava fundo, enchia o pulmão, sem me preocupar em perder a consciência.

O cheiro do sexo dele.

Toda nudez dele ainda estava deitada no dorso da minha mão.

Wednesday, July 16, 2008

Vida...Anda....Tempo...Passando...

Eu acho que a vida anda passando a mão em mim
Eu acho que a vida anda passando a mão em mim
Eu acho que a vida anda passando
Acho que a vida anda passando
Acho que a vida anda
A vida anda em mim
A vida anda
Acho que há vida em mim
Há vida em mim
Anda passando
Acho que a vida anda passando
A vida anda passando a mão em mim
E por falar em sexo
Quem anda me comendo é o tempo
Se bem que já faz tempo
Mas eu escondia
Porque ele me pegava à força
E por trás
Até que um dia resolvi encará-lo de frente e disse
Tempo
Se você tem que me comer que seja com meu consentimento
E me olhando nos olhos
Eu acho que eu ganhei o tempo
De lá pra cá ele tem sido bom comigo
Dizem que ando até remoçando

Tuesday, July 15, 2008

Enetendeu ?!

Longe é um lugar que existe. Dentro da gente.
Eu: tô sempre me procurando e sempre que me encontro descubro que mudei de endereço.
Casa velha. Troços. Des-troços.
Uma miopia. Que nada, outro enfoque pra vida.
Percepção dos fatos alterados por uma névoa. Neve. Frio no coração. Órgãos no frigobar.
"Por favor , garçom, queira me trazer um coração bem quentinho com molhos que eu estou me sentindo....assim... meio morto. Ah, e uma garrafinha de lágrimas com gás, por favor".
Infinito. O que vem depois de Plutão, primo de Platão, ambos com a cabeça nas nuvens?
São Pedro faz chover. São Jorge no cavalo. Cada um com a sua função. Burocracia até no céu. Saudade. Tesão. NÃO. Casamento, não. Mas muita, muita, muita muita vida.
Muita, que é tudo tão pouco.

Monday, July 14, 2008

Novas perguntas...

O sofrimento traz algum crescimento ?
Qual a caracteristica boa da Dor ? de se sentir dor ? E eu não to falando de dor fisica não. Daquele tipo provocado por uma pancada ou corte. To falando de dor mesmo. Aquela que te provoca falta de ar e nauseas, faz seu coração desparar (maldita taccardia ! ).Que vc carrega la dentro de você, e que normalmente começa como uma fisgada.
Se te descem a opção...Se você tivesse escolha... De não sentir dor, de não sentir nada que te fizesse sofrer. Nunca mais. O que vc faria ? Qual seria a sua esclha ? Eu me peguei pensando nisso enquanto arrumava minha mudança. E foi assim que arrumando minha mala bagunçei os meus sentimentos.
Todasas mudanças trazem conseguencias. As vezes negativas, outras possitivas.Quebrando minha cabeça, decidi que mudar realmente era preciso. E so mudar de apartamento pra uma casa, não seria suficiente. Eu tenho a impressão que quanto mais você se aproxima de um objetivo ja formado mais você se distância de outros, e mais mudanças são necessarias.
A vida é complicada. Dociemente (e amargamente as vezes) complicada.
E ela sempre me surpreende. Nunca quero perder isso...a capacidade de me surpreender com a vida. Com as pessoas. Ultimamente ela tem me dado rasteiras. Quando menos se espera, la vai dinovo, mais um pequeno tombo.
Mas...voltando as perguntas, achei respostas que se não me deixaram feliz, me deixaram mais tranquila. A respetio do sofrimento...sim, acho que se cresce um pouco com ele. Logicamente se você deixar que ele te ensine alguma coisa.
Sobre a dor...Acho que senti-la nunca é bom. A não ser que você seja dado a masoquismo. Mas se eu tivesse escolha, sinceramente escolheria senti-la. Sei que parece loucura, mas assim como a tristeza a alegria pode ser insuportavel. Acho que não abro mão de sentir nada. Tenho ancia de viver. Com isso de sentir...Quero tudo.Cada sentimento, cada fisgada, cada gargalhada, cada lagrima, cada suspiro.Tenho gula pelo amanhã. Tenha ele o sabor que tiver.

Quero perder o ar e ter que respirar fundo todos os dias.

Thursday, July 10, 2008

Tentando

"Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores...
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores...
Refazendo minhas forças, minha fonte, meus favores...
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores...
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho...
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho...
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho...
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho....
Estou podando meu jardim...
Estou (Tentando) cuidando de mim”